Carnaval e tradições culturais brasileiras entram em conflito com os evangélicos

Feb 12, 2024

O fenômeno evangélico está em expansão no Brasil, e relatos de uma convivência conflituosa com festas de cultura popular são cada vez mais comuns, especialmente em manifestações ligadas à herança africana.

Por exemplo, o escritor e pesquisador Luiz Antonio Simas atribui à expansão evangélica uma mudança no perfil da seção “baianas” de diversas escolas de samba, que começaram a perder membros para denominações pentecostais e neopentecostais.

No Carnaval de Pernambuco o assunto é o maracatu, que não é apenas um gênero musical ou um mero cortejo. A tradição tem fundamentos religiosos, com ligações tanto ao culto aos orixás quanto aos caboclos da jurema. É comum que os grupos mais tradicionais estejam vinculados a uma “casa de santo”.

“Acabamos perdendo integrantes”, diz Mestre Chacon, do maracatu de Porto Rico, sobre o surgimento de grupos evangélicos que se apresentam no Recife.

Os conflitos religiosos afetaram até mesmo o cotidiano de um símbolo tipicamente brasileiro: as bandejas dos vendedores de acarajé, já que alguns vendedores convertidos se recusam a usar o traje típico.

Por outro lado, o pesquisador Simas observa que o avanço evangélico tem gerado reações. Um exemplo é o fortalecimento dos enredos das escolas de samba com temática afro-brasileira, algo que foi forte na década de 1990 e início dos anos 2000, mas vinha diminuindo.

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